quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A escrita e a web (?) - versão 2

A escrita em tempos de e-mails, blogs, orkus, twitter e afins quase sempre necessita ser produzida com rapidez, brevidade e objetividade – por mais que seja pessoal e íntima. Com isso, surge em mim certa crença de que a pressa e a superficialidade associasse a web. Certa nostalgia, talvez, das velhas cartas escritas na Remington portátil que o Seu Mateus e a D. Alzira me deram de presente quando fiz doze anos.
Primeiro havia a necessidade de rascunhar a mão, depois datilografava – com bastante calma, para não ter que recomeçar tudo de novo [Ah! Que alegria não ter que ouvir mais aquele disparo, quando, em uma carreira, a máquina pulava alguns espaços e me fazia errar]. Assim, a paciência era atributo essencial para não perder o fio da meada.
Naqueles tempos que não me eram pós-modernos, minhas idéias (selvagens e vivas) precisavam de controle para que não perdesse o caminho que delineara. Não tinham autorização para vagarem e errarem por lugares desconhecidos, sem curatela. Hoje (relativamente controladas, domesticadas e mortas), ela já podem sair de casa e procurar novos caminhos, pois, estéreis, quase nunca trazem riscos para mim e menos ainda para outros.
No entanto, voltemos ao assunto e paremos com esta digressão nostálgica. Afinal, o assunto era para ser, do início ao cabo, a pressa da escrita e a dificuldade de reservar tempo para refletir e escrever com paciência. O risco que hoje me assombra é twitterianamente tornar-me excessivamente rápido e, ao mesmo tempo, rasteiro.
Nessa pressa, há o constante risco de adesão ao “fast-thinking”, com a produção em massa de respostas prontas e padronizadas, para problemas e questões originais, ou no mínimo que precisam ser repensadas a partir de novos padrões. Nesse processo, produzir textos com afobação – que relaciono a mídia (como uma forma de defesa) – e desespero de falar (para quem?).

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