sábado, 30 de janeiro de 2010

Biblioteca flutuante - versão II




Uma idéia brilhante, um projeto falho, um execução desastrosa.
Será que essas afirmações contundentes simplificariam demais o périplo da construção do piso flutuante de mármore da sala multimídia da Biblioteca Nacional de Brasília?

Se a idéia era esta eu não sei, mas gostei de imaginar uma biblioteca multimídia, com um piso que se move ao andarmos. A concepção de leveza e fluidez, associada ao conhecimento disposto na biblioteca, cairia bem num projeto de biblioteca.

No entanto, todavia, entretanto, o projeto parece não ter previsto a imensa necessidade de cabos e conectores de uma sala de multimídia com “quiosques” de computadores.

Na execução, devido a necessidade constante de trocas de cabos e manutenção, o piso que deveria ser leve e flutuante, tornou-se irregular e rangente.
Tudo aquilo de que uma biblioteca necessita.

Além disso, é uma biblioteca que leva o nome de Leonel Brizola (na contra o “caudilho” dos pampas, mas).
Será que algum dos jovens – que parecem estar na faixa dos 25 anos e utilizavam a biblioteca e acessavam a internet, liam revistas e estudavam para concursos e cursos – sabe quem foi Leonel Brizola?
Será que algum dos jovens atendentes, com uma média de idade que deve beirar os 18 anos, já ouviu ou leu algo de/sobre Brizola?

Alem dos rangidos e do nome, há que se comentar também o acesso aos livros: não há.
É uma imensa biblioteca, de três andares, em que os usuários podem “ver”, mas não consultar, caixas e mais caixas empilhadas com livros, incluindo obras raras, em estantes.
Tudo dentro de salas com paredes de vidro. Um conhecimento inacessível.

Com o risco de cair em uma falácia, da relação entre forma e conteúdo, talvez a execução da idéia brilhante tenha refletido a obtuosidade de administradores públicos que ainda não conseguiram inaugurar uma Biblioteca Nacional em Brasília.

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