quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um email quase sempre é breve, por mais que seja pessoal e íntimo. Há um certo ar de pressa e superficialidade que, diversas vezes, erroneamente, associo a www.
Certa nostalgia, talvez, das velhas cartas escritas na Remington portátil [que o Seu Mateus e a D. Alzira me deram de presente quando fiz quatorze anos (meu pai, hoje em dia, com toda calma, escreve regularmente suas memórias naquela mesma máquina)]. Primeiro eu fazia um rascunho a mão, depois datilografava – com bastante calma, para não ter que recomeçar tudo de novo [que alegria não ter que ouvir mais aquele disparo, quando, em uma carreira, a máquina pulava alguns espaços e me fazia errar].

A paciência também era atributo essencial para não perder o fio da meada. Naquela época, minhas idéias (selvagens e vivas) precisavam de controle para que não me fizessem perder o caminho que delineara. Não tinham autorização para vagarem e errarem por lugares desconhecidos, sem curatela. Hoje (relativamente controladas, domesticadas e mortas), ela já podem sair de casa e procurar novos caminhos, pois, estéreis, quase nunca trazem riscos para mim ou para os outros.
Entretanto, já estava a perder o rumo, pois, afinal, o assunto era a pressa da escrita e a dificuldade de reservar um tempo para refletir e escrever com calma. O risco é que ao tornar-me rápido, seja também rasteiro: produzindo textos com pressa – afobação que relaciono a mídia (como uma forma de defesa) – e desespero. Aleem disso, existe o constante perigo de adesão ao “fast-thinking”, com a produção em massa de respostas prontas e padronizadas para problemas e questões originais.

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