sábado, 16 de janeiro de 2010

Juremir Machado

Juremir Machado da Silva, um cronista de grossa estampa, do "Correio do Povo", é um dos meus escritores preferidos na atualidade. Suas crônicas geralmente anunciam uma mente sagaz, que corta como uma navalha enferrujada.

E em uma de suas ultimas crônicas ele conseguiu se superar. Atacou a tudo e a todos, com afirmações twitterianas e contundentes (que me lembram muito de Zaratustra).

Cada uma poderia se desdobrar em um ensaio ou mesmo livro, tanto por aqueles que concordariam com seus argumentos, quanto, principalmente, por aqueles que, no mínimo, discordam.

Não vou me alongar, pois pretendo retomar algumas em outros momentos. Contudo, aquele em que afirma a diferença entre o machista e avara, merece ser apresentada:

“Machista e avara: a diferença entre um homem e uma mulher é cada vez mais simples: a mulher quer olhar mesmo quando não pode comprar; o homem não quer ver mesmo quando pode adquirir.”

Por mais que a “chamada” seja o “Machista” e a “Avara” (e se utilize o artigo indefinido [embora o uso que Machado faca do Avara talvez coloque por terra todas as colocações que faço abaixo]) a carga de generalização e de “universalização”, quanto aos papeis de gênero, expressam a certeza que aqueles conservadores e reacionários, que Machado tanto critica, apregoam aos 2 (dois) ventos.

São daquelas pequenas certezas universais que naturalizam as diferenças e criam binarismos e dualismos entre homem e mulher, machistas e feministas, avaros e esbanjadores.

Em tempos de incertezas, (pos-modernos, pos-coloniais, pos-feministas, pos-estruturalistas) tudo aquilo de que precisamos são absolutos e universais.

Mesmo com essas, e outras, Machado é um daqueles escritores que merecem ser lidos e discutidos. E escrever essas notas, que distoam um pouco da tonica cotidianesca de meu blog, me enchem de prazer. Espero poder contar com criticas que se querem construtivas, como esta que aqui faço. E, se após lerem o próprio Machado, que espero um dia poder chamar de Juremir, discordarem de minhas leituras e postarem seus comentários neste blog, meu trabalho terá valido a pena.


http://www.correiodopovo.com.br/Opiniao/?Blog=juremir%20machado%20da%20silva

Um comentário:

  1. "Machista e avara: a diferença entre um homem e uma mulher é cada vez mais simples: a mulher quer olhar mesmo quando não pode comprar; o homem não quer ver mesmo quando pode adquirir". A meu ver, machista é o João das Couves que escreveu esse absurdo. Nesse aforismo misógino, ao modo daqueles de Oscar Wilde, o autor rotula como avara a mulher que ambiciona o que não pode conquistar, não levando em consideração a disparidade entre a realidade sócioeconômica e os imperativos da lógica do consumo cujos principais reféns são exatamente as mulheres, constantemente interpeladas à aquisição de um padrão de beleza por vezes incompatível com características físicas das brasileiras.

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